NO MUNDO DAS ARTES: A FALÊNCIA DO MACHO LATINO E
A SEGUNDA MORTE DO BOM IRMÃO

Cara, tem gente que gosta de se meter onde não é chamada! Não é que a historiadora de arte Natasha Sesena foi descobrir que Goya, sim, Francisco Goya y Lucientes, aquele das mayas, vestidas ou peladas, era gay! Ou, em suas palavras, que teve uma relação homoerótica com seu amigo Martín Zapater. Mas como? Goya, que teve 20 filhos, foi amante da duquesa de Alba e foi o primeiro a pintar mulheres nuas com seus respectivos pentelhos? Sim, o próprio.
Só porque Goya escreveu algumas cartas mais calientes a seu amigo não vamos agora concluir que ele liberava o brioco. Vejamos esta: "Meu Martín... Estou desesperado para ir com você... Imagino como seria minha vida se pudéssemos estar juntos, caçar, beber chocolate e gastar os 23 reales que eu tenho em sua companhia..." Vejam, ele não diz que quer gastar 24 reales nem está especificado que a caçada seria de borboletas. Tá certo, beber chocolate é um pouco suspeito, assim como o fato de que ele ilustrava suas tórridas cartas com desenhos de piroquinhas e bucetinhas, mas ele era um artista, provavelmente estava apenas praticando, papel era caro naquela época. Não vamos agora macular a reputação de um macho latino tão paradigmal, sem falar no probre Martín Zapater (foto ao lado), que não haveria de querer se imortalizar por este viés. A própria Sesena diz que os sentimentos do pintor foram uma "rendição instintiva ou existencial". Claro, eu não tenho a menor idéia do que isto queira dizer. Quem sabe tudo não passou de uma simples distração? O próprio Goya já disse: "El sueño de la razon produce monstruos..." - o que também eu não sei como se aplica, mas é chique terminar as notas com uma citação.

Theo Van Gogh, como qualquer um que gosta de pintura sabe, foi o irmão dedicado de Vincent Van Gogh, o pintor, a quem ajudou por toda a vida e a quem sobreviveu uns poucos meses. As inúmeras cartas de Vincent ao irmão, além de valiosos documentos para estudar o desenvolvimento da arte do trágico holandês, são também um testemunho tocante do sentimento que unia os dois.

O gorduchinho aí do lado também se chama Theo Van Gogh, ou se chamava, visto que foi morto a punhaladas e tiros em Amsterdã, no dia 2 deste mês. Era parente distante dos dois Van Gogh antes citado e também era famoso, ao menos na Holanda, pelos filmes e livros polêmicos que produzia. O estranhíssimo brazão abaixo dele eu encontrei em sua página na Internet. Não sei o que significa, a página é em holandês, o que para mim é pior do que ser em grego. Mas não é preciso saber holandês, ou grego, ou o latim da divisa, para concluir que a gorducha era chegada a um salame.

Bichinha de direita, esclareça-se. Puxa, que saudades dos tempos em que todas as bichinhas intelectualóides eram de esquerda... Era grande amigo de outra bicha de direita, o político Pim Fortuyn, também assassinado, e sobre quem estava terminando um filme. Quem matou os dois? Os terroristas islâmicos? Bem, pelo menos suspeita-se que a morte do Van Gogh adiposo tenha alguma coisa a ver com eles, pois acabara de lançar um filme denunciando o tratamento que os islâmicos dão às mulheres. Ora, todos sabemos que em briga de marido e mulher não se mete a colher, muito menos a filmadora. Bem, cada época tem o Van Gogh que merece...

 

 

CIÊNCIA MARAVILHOSA

A Suécia é um país de primeiro mundo, daqueles que brasileiros de duvidosa etnia que nem eu consideram como um exemplo de ordem e civilização. Verdade que lá o povo se suicida adoidado, mas talvez isto reflita um alto grau de lucidez, coisa que falta ao nosso povinho brega, que insiste em continuar vivo na terra do Lulinha Fura Greve. Ah, é verdade, o brasileiro não desiste nunca... mas quem sabe ele desista de usar celulares se souber que dois cientistas do Instituto Karolinska, em Estocolmo, afirmam, com base numa pesquisa, que o uso prolongado de celulares pode causar o desenvolvimento de neuromas acústicos, tumores no nervo auditivo. Uau, que problema, heim? Já uma pesquisa na vizinha Finlândia, em 2002, demonstrara que a radiação dos celulares podia afetar as células cerebrais. Mas acho que seus autores foram pouco felizes ao fazerem tal afirmação. Primeiro, porque não se deve falar mal de celulares na terra da Nokia, depois, porque para se ter células cerebrais afetadas é preciso ter cérebro, coisa que eu não sei se os viciados em celular possuem. Bons tempos aqueles em que os celulares apenas explodiam, como aconteceu na Inglaterra, não faz muito tempo.

 

Mas uma outra pesquisa sueca me chamou a atenção, pois creio que suas conclusões são muito importantes para o nosso povo, banguela pela própria natureza.
Cientistas da Universidade de Umeå, uma cidade cuja bolinha que a identifica no mapa é do tamanho da bolinha em cima do a de seu nome, concluíram que cada vez que se arranca um dente se arranca junto um pouco da nossa memória. Por isso velhinhos banguelas não se lembram absolutamente de nada. E parece que as próteses não valem como pentes de memória RAM, pois todas as lacunas da minha boca estão devidamente preenchidas pelo meu habilidoso dentista e minha memória vai de mal a pior.