Deutschland Über Alles

Pasmem, tal notícia não vem daquele rincão ibérico que nos legou esta camoniana língua, mas da orgulhosa Alemanha. Joschen Ranstett, 56, amadurado cidadão do burgo de de Weiden, quis desfrutar, junto com a consorte Maria, daquele plus de excitação que, durante o coito, fornecem os atavios sado-masoquistas. Muniram-se então de correntes, algemas, cadeias, calcetas, grilhetas e grilhões e foram para a cama, de couro enfeitados, e a ela se prenderam como preso não foi às argolas de profundo calabouço o mais periculoso fascínora. Esqueceram-se de apenas uma coisa: a chave. Perceberam então que estavam irremediavelmente atados ao amoroso tálamo. Nem começaram a fornicar, pelo contrário, Joschen cobriu-se de escoriações tentando alcançar o celular (para mim, o mais sado-masoquista dos artefatos) e com ele pediu socorro. O socorro veio, e com ele a vergonha de ver sua aventura contada aos quatro cantos, inclusive este aqui. C'est la vie...

 

Ainda no melhor país do mundo

AURÍFERA MERDA

Serendipity é termo inventado, dizem que vem de um velho conto fantástico persa, e faz mais de dois séculos que o velho Walpole passou a empregá-lo para designar a sensação que desfruta a pessoa a quem alguma coisa de muito boa e inesperada aconteceu. Bem, uma coisa de inesperada aconteceu ao restaurante Serendipity 3, lá de Nova Iorque, casa destinada ao pasto apenas dos muito ricos, muito sofisticados e, veremos logo, muito tolos. Entre outras iguarias finíssimas, finéssimas, que o Serendipity servia estava o sorvete mais caro do mundo (a ninharia de 25 mil dólares a taça), que entre outros ingredientes majestáticos continha 5 gramas do mais puro ouro comestível (comestível?) de 23 quilates. Mal começa a servir a iguaria dos deuses, um inesperado nem um pouco serendípitico ocorre: bate lá a fiscalização sanitária e fecha espelunca, pois deparou com toda uma coorte de ratos e baratas, assim como vários cocozinhos sem ouro dos mesmos, tudo malocado no escurinho da cozinha. Quantos aristocratas arrependidos, quantos sentindo engulhos no estômago, quantos correndo direto aos banheiros rutilantes de porcelanas chinesas e espelhos venezianos, para purgar aquele sorvete indigesto.
Acorrei, multidões dos que já vivem na merda (cada vez mais numerosos nos EUA de Bush & Cia), vai pintar serendipity no pedaço, ou melhor, nos esgotos mais finos de Manhattan: cocô com ouro! Basta garimpar.